Somos programados para sentir preguiça?

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Exercitar-se regularmente é um hábito importante para reduzir os riscos à saúde, aumentar nossos níveis de energia e manter nossa mente ativa.


O sedentarismo é um dos principais fatores de risco de morte no mundo e há diversos indícios que o vinculam ao surgimento de problemas cardiovasculares, câncer e diabetes.


Mas, apesar de todos os conselhos sobre isso e o grande volume de informações disponíveis sobre os benefícios da atividade física para a saúde, há algo em nós que nos leva a ter muita dificuldade de sair do lugar.


Um em quatro adultos e 80% dos adolescentes não fazem atividade física suficiente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas, afinal, por quê?


Um estudo da Universidade de British Columbia, no Canadá, e da Universidade de Genebra, na Suíça, pode ter encontrado a resposta. O trabalho indica que o principal obstáculo para movimentar o corpo está em nosso cérebro.


“O fracasso das políticas públicas para combater a pandemia de sedentarismo se deve talvez ao processo cerebral que foi desenvolvido e reforçado na evolução.”


A hipótese dos pesquisadores foi batizada de “paradoxo do exercício”, porque, apesar dos efeitos positivos da atividade física, o cérebro tem uma atração automática pelo comportamento sedentário.


 


Quanto tempo de exercício é preciso fazer para começar a colher os benefícios para a saúde? Alguns dias? Semanas? Meses?


Um novo estudo publicado no periódico da Associação Médica Americana aponta que uma única sessão de atividade física gera efeitos imediatos, protegendo o coração.


A equipe liderada por Dick Thijssen, professor de Fisiologia Cardiovascular e Exercícios da Universidade Liverpool John Moores, no Reino Unido, analisou uma série de pesquisas com roedores.


Ataques cardíacos foram induzidos nos animais, bloqueando uma artéria do coração. Depois, analisou-se a gravidade do infarto, ou seja, quanto tecido do órgão foi afetado.


Foram comparadas cobaias que haviam acabado de se exercitar com outras que nunca praticavam atividade física.


“Todos os estudos apontaram que uma única sessão de exercício levou a um ataque cardíaco menos grave, e esse efeito perdura por dias”, escreveu Thijssen em um artigo para o site The Conversation.


A explicação dos cientistas é que fazer atividade física libera uma substância que reduz a gravidade do infarto.


O especialista explica que, “por razões óbvias”, esses experimentos não podem ser realizados em humanos. Logo, estudos para confirmar esse benefício em pessoas exigiriam outros métodos.


Exercício x descanso


Em um dos estudos, amostras de sangue foram coletadas em humanos após um período de descanso e depois de fazer exercício.


As amostras foram introduzidas na corrente sanguínea de coelhos vivos. Depois, uma artéria no coração dos animais foi bloqueada, imitando um ataque cardíaco.


O grupo de coelhos que recebeu o sangue humano coletado após o exercício teve infartos menos graves do que aqueles que receberam a amostra obtida após o período de descanso.


Assim como no teste com os roedores, isso indicaria que uma sessão de atividade física reduziria a gravidade do infarto.


“Esses benefícios ocorrem mesmo na ausência de mudanças em outros fatores de risco cardiovascular, como a pressão sanguínea, colesterol e o peso”, disse Thijssen. “Os efeitos duram por quatro a cinco dias.”


A maioria dos estudos submeteu suas cobaias a sessões de exercício de intensidade moderada a alta por cerca de uma hora.


Os pesquisadores dizem não saber se outros tipos de atividade física, com duração diversa, trariam diferentes graus de benefícios, algo que Thijssen recomenda que seja analisado em novos estudos.