Reclamar se tornou algo corriqueiro, que, na maioria das vezes, fazemos sem perceber. A queixa está ligada à insatisfação com algo que não está como desejamos ou não aconteceu como queríamos mas será que reclamar é a solução? O publicitário Marcelo Kazequer de 25 anos provou que não ao topar um desafio e ficar mais de 10 dias sem reclamar.
Marcelo não se considerava “reclamão”
Marcelo se considerava uma pessoa positiva. Sempre de bem com a vida, ele achava que não era do tipo reclamão.
Há mais ou menos um ano, enquanto navegava pela internet, se deparou com um desafio: ficar 21 dias sem reclamar, proposto pelo escritor Will Bowen em seu livro “A Complaint Free World” (Pare de Reclamar e Concentre-se nas coisas boas).
“Pra mim não parecia desafio nenhum. Achei que seria moleza ficar 21 dias sem reclamar. Porém eu estava completamente enganado…”, afirmou Marcelo.
É difícil ficar um dia inteiro sem reclamar
Marcelo tinha começado o primeiro dia do desafio e estava muito feliz, pois estava voltando do trabalho e não tinha reclamado nenhuma vez. “Estava quase chegando em casa quando um carro me fechou e quando me dei conta, já tinha resmungado”.
Uma das regras do desafio é que ao reclamar de qualquer coisa, você tem que zerar a contagem dos dias. “Foi como perder o jogo nos acréscimos do segundo tempo”, revelou Marcelo.
Já no segundo dia, Marcelo acordou atento e sabia que deveria se policiar para não reclamar, mas logo que levantou, viu que o Wi-Fi de seu celular não estava funcionando e soltou um: “Que porcaria de internet!”.
“Não era possível, o dia nem tinha começado e eu já tinha reclamado”, contou o publicitário, que percebeu que o desafio era (MUITO) mais difícil do que ele imaginava.
Foram alguns dias zerando a contagem até conseguir ficar um dia inteiro sem reclamar e seguir com o desafio.
Como Marcelo se controlou para não reclamar
Uma das diretrizes que o autor sugere ter em mente durante o desafio é: Você precisa de algum objeto para “monitorar” suas reclamações. Você pode usar uma pulseira no braço direito e toda vez que perceber que está reclamando de algo, você passa a pulseira pro braço esquerdo.
E foi isso que Marcelo decidiu fazer. “O elástico no pulso (ou pulseira, bracelete, anel) serve como um objeto que te ajuda a monitorar seu desempenho dentro do desafio”.
Isso fez com que Marcelo aumentasse o nível de consciência e começou a se policiar mais. “O elástico me ajudou a perceber hábitos e ficou mais fácil frear a reclamação antes que ela acontecesse”, explicou o publicitário.
Foram seis meses se policiando e zerando a contagem e, mesmo assim, ele não conseguiu completar o desafio. “Eu concluí uns 13 dias consecutivos sem reclamar”.
“Não posso dizer que conclui o desafio por isso. Mas passei a viver de modo muito mais consciente depois dessa experiência. Eu não fazia ideia do tanto que eu reclamava durante o dia”, confessou Marcelo.
O que mudou depois que Marcelo parou de reclamar
Uma das lições que o publicitário aprendeu depois que topou o desafio foi que ficar se queixando não resolve problemas.
“Aprendi a manter o foco na solução, e não na reclamação. Por exemplo: Se a internet não está funcionando, eu resolvo o problema resetando o modem, ligando pra operadora ou até mesmo trocando de serviço”.
Outra mudança que ele sentiu em sua rotina é que o fato de não reclamar cria conversas mais produtivas e atraem pessoas positivas.
“Percebi como é perigoso quando alguém começa a reclamar de algo e isso vai emendando assuntos onde não saímos do festival de reclamações”, concluiu Marcelo.
Ele também diz que aprendeu que a reclamação é um carro sem freio. “Assim que o pensamento de reclamar sobre algo surge em minha cabeça eu dou um jeito de segurá-lo antes que ele escapasse pela boca”.
Hoje ele também tem consciência sobre o que reclama e parou de se queixar sobre o que está fora de seu controle. “Faz sentido reclamar do clima se eu não posso mudar isso? Não! Até posso reclamar se eu quiser, mas sei que isso é inútil”.
Lidar com reclamações ao seu redor também foi outro aprendizado. “Você tem duas opções: mudar de assunto ou ficar quieto. Eu prefiro a primeira, porque assim as pessoas percebem que eu não dou corda para as queixas dela.
E um dos maiores aprendizados foi a gratidão. Na mesma época em que ele aceitou o desafio para acabar com um hábito negativo, ele decidiu adotar um positivo: agradecer.