Entrevista com a associada Aline Dias da CESAV Fortaleza

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Aline Dias, Gerente de Centralizadora de Adimplência Fortaleza.

Iniciando uma série de entrevistas com gestores da Caixa, a Agecef Ceará conversou, no dia 9 de janeiro, com a associada Aline Dias, Gerente de Centralizadora de Adimplência – CESAV Fortaleza, sobre trajetória profissional,  atividades realizadas pelo setor, importância da unidade para a empresa e desafios para 2024.

A primeira experiência de trabalho de Aline foi na Caixa, por volta de 2004, ainda como estagiária de Administração do setor jurídico. “Foi onde eu me encantei com a empresa e quis ser empregada da Caixa. Mergulhei nos estudos para o concurso e consegui realizar esse sonho, porque de fato era um sonho”, relembra. Hoje trabalha como gestora exatamente no mesmo prédio onde estagiou há quase 20 anos, o Edifício Sede em Fortaleza.

Em setembro de 2005, Aline assumiu como Técnico Bancário Novo (TBN) na Agência Quixadá, onde teve seu primeiro contato com adimplência. Depois trabalhou na Agência Caucaia; na SR Norte do Ceará, assumindo o primeiro cargo de gestão, como supervisora de canais; Agência Pacajus; Agência Pessoa Anta, onde foi Gerente de Atendimento GOV Social e também teve a oportunidade de substituir três gerentes gerais.

“Substituir Gerente Geral foi um desafio grandioso. Eu vi o quanto que o GG é um maestro. Ele tem que gerir aquela orquestra o tempo todo, são muitas coisas concomitantemente, são muitos pratos que tem que manter no ar para entregar resultado e para cuidar das pessoas”, afirma.

Aline seguiu para a Coordenação da área de adimplência, então DIREC, coordenando a equipe de Habitação. “Em agência, eu tinha tido muito mais contato com o Comercial, mas fui aprendendo e me encantando com o Habitacional”, lembra. Depois, assumiu a  Gerência de Filial da Adimplência em Porto Alegre, retornando para o Ceará como Gerente de Centralizadora de Adimplência, cargo que ocupa desde março de 2020.

A associada é Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Ceará e cursa pós-graduação em Direito Empresarial na PUCRS. Confira a entrevista completa:

Agecef Ceará: Como está organizado o setor de Adimplência da Caixa?
Aline Dias: Em 2020, surgiu um novo modelo de varejo que extinguiu as gerências de filial e criou as centralizadoras de adimplência. Hoje, nós temos seis Centralizadoras de Adimplência que têm atuação regional, são pares entre si, atuam com o mesmo mandato e com o mesmo foco; e temos outras seis Centralizadoras nacionais que atuam com focos distintos e em âmbito nacional. Então, as CIGADs são regionais atuam cada uma em sua região, com mandato igual, fazendo a mesma coisa, só que em regiões distintas. Já as CESAVs atuam com mandatos completamente distintos.

Por exemplo, a CESAV Fortaleza atua hoje na legalização, que é a etapa do meio da execução extrajudicial habitacional. A CESAV Bauru já atua na primeira etapa de intimação e a CESAV Florianópolis, na última etapa de consolidação.

Agecef Ceará: Quais são as atividades realizadas pela CESAV Fortaleza?
Aline Dias: Nós temos dois mandatos: um deles é a legalização da execução extrajudicial de habitação e do Crédito Real Caixa, que o produto comercial; e o outro mandato é a recuperação judicial de varejo.

Sobre o mandato de legalização da execução extrajudicial: se depois que a Caixa oferecer todas as oportunidades de negócio, o cliente não teve condições de pagar ou não priorizou o pagamento do financiamento à Caixa, não nos resta alternativa senão iniciar a execução – é o que está previsto na norma. Quando intimamos, pela CESAV Bauru, o intuito primeiro é que o cliente pague. Se ele não pagar dentro do prazo legal de 15 dias, segue a esteira de execução que vem para a CESAV Fortaleza, que é a etapa do meio. Nós vamos à Prefeitura, pagamos a guia de ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) e seguimos com a esteira de execução. Como atuamos em âmbito nacional, precisamos de despachantes e do apoio das agências. Há casos em que, no meio do caminho, vão surgindo pendências, como ações revisionais de clientes na Justiça ou quando a Prefeitura não emite a guia de ITBI por conta de construções não averbadas, entre outras situações.

Depois de pago o ITBI, vai para a etapa final de consolidação feita pela CESAV Florianópolis, que é quando a Caixa aciona o cartório para fazer a retomada em si e registrar na matrícula que o imóvel é dela. Mas há casos que o cliente paga quando é intimado, isso é o que a gente quer.

A gente precisa fazer esse recurso retornar para Caixa. Como ele retorna? Com a venda, que já não é mais com a Adimplência, pois vamos só até a parte da consolidação. A venda é atuação da CEVEN e da CEMAB. Uma vez vendido esse imóvel, o recurso retorna para a Caixa para que possamos continuar financiando para outros clientes.

Esse é um mandato da CESAV Fortaleza. O outro mandato é a recuperação judicial do varejo. Hoje temos 25 empregados que tratam sobre a recuperação judicial. Todas as demandas têm prazos exíguos e o volume de pedidos de recuperação tem crescido bastante, ainda muito por causa do impacto da pandemia nas empresas.

Agecef Ceará: A CESAV Fortaleza tem quantos empregados e como eles estão organizados?
Aline Dias: Atualmente, são 106 empregados. Temos um coordenador, que é o Wagner, e cinco supervisores. Dois supervisores ficam com a recuperação judicial e um deles fica com a inovação também: a Jaqueline é nossa supervisora de análise e aplicação e o Gleidson é supervisor do monitoramento e também responsável pela equipe de invocação dentro da célula. Os outros três supervisores ficam com a legalização: Reinaldo é responsável pelas guias não pagas de IPTU, ITBI e outras taxas da Prefeitura; o Irineu fica com as guias já pagas e com outras demandas de execução; e a Daniele atua na parte dos laudos.

Agecef Ceará: É uma equipe grande para ser gerenciada, são 106 pessoas sob a sua responsabilidade. Como é esse desafio?
Aline Dias: A CESAV Fortaleza atende âmbito nacional, então realmente é um volume bem significativo e um desafio grande. É um trabalho de alta responsabilidade que temos, mas gostamos muito do que fazemos. É uma equipe muito comprometida, que sempre contribui e procura uma melhoria constante. Sempre estamos inovando porque vemos essa necessidade de dar conta do aumento de demanda.

Felizmente, o índice de inadimplência da Caixa é um dos melhores do mercado. Fechamos novembro de 2023 com 2,24%. Isso porque a gente vem fazendo um trabalho bem importante na adimplência e na Caixa como um todo, porque a CESAV também é rede. Se não fosse o envolvimento de toda a rede de agências e o nosso empenho conjunto de toda a empresa, a gente não teria atingido esses índices incríveis.

Agecef Ceará: Qual a importância do setor de Adimplência para a Caixa e para a sustentabilidade financeira do banco?
Aline Dias: Na execução, com relação ao índice BACEN, nós temos contratos que estão impactando negativamente o índice de inadimplência – que é uma espécie de vitrine para as instituições financeiras perante o mercado. Claro que a Caixa, assim como as outras instituições, quer ter o menor índice possível. Quando liquidamos por consolidação um contrato inadimplente que compõe o índice, isso vai desonerar esse índice. Esse é o primeiro ponto de importância.

Também tem o efeito educativo da execução quando intimamos o cliente. É uma forma firme de cobrar, então é outro ponto de relevância da atuação das CESAVs. Enquanto CESAV Fortaleza, nós nos vemos contribuindo para isso por fazer parte da esteira de execução.

A maior parte do nosso universo em execução é prejuízo e, quando está em prejuízo, a Caixa já está provisionando 100% a dívida. Quando retomamos o imóvel, depois de oportunizar para o cliente todas as alternativas possíveis e ainda assim não houve pagamento, não resta alternativa senão retomar. Quando a gente retoma e liquida, a Caixa vai receber aquele resultado, como chamamos informalmente, na veia. É um resultado na veia. É a última linha do balanço. Entrou aquele recurso que a Caixa não tinha, daí a grande importância da consolidação como última alternativa. Não é o que nós queremos, mas é o que precisamos fazer para que a Caixa continue concedendo crédito para todos os nossos clientes que desejam financiar.

Se não fizéssemos isso, talvez teríamos que rever as taxas de produto, mas nós queremos que as taxas sejam as melhores possíveis porque a Caixa sempre foi referência de financiamento habitacional para a população e quer continuar sendo.

Agora sobre recuperação judicial: se a gente for olhar para a economia como um todo, não é interessante que as empresas vão à falência, então nosso papel na CESAV Fortaleza é analisar se a proposta trazida pela recuperanda é viável. Esse nosso olhar do negócio vai contribuir para que a alçada deliberativa tenha subsídios e embasamento sobre risco. Embora a gente faça somente parecer negocial, a gente acompanha cada etapa, pede para o risco se manifestar, a gente pede para as agências, para a SR, para que a gente tenha visão de todo sobre aquela proposta. Normalmente, essas propostas são muito ruins, mas qual deve ser o olhar da Caixa enquanto banco que é o principal parceiro nas políticas publicas do governo? É um olhar de ver o todo: são empregos gerados pela empresa, são os impostos que ela paga, é a economia local e é a macroeconomia. Do ponto de vista negocial, a recuperação judicial é um cenário melhor para a Caixa do que a falência, considerando tudo isso.

Mas a gente precisa pensar no todo e, ao mesmo tempo, não pode deixar de pensar no negócio. Então se o cenário que a empresa mostra realmente for de falência, mostrando que não pode se reerguer, não temos o que fazer. Nós fazemos esse estudo para poder maximar os recebimentos que a Caixa pode vir a ter daquela empresa que está com um cenário muito desafiador no momento.

Agecef Ceará: Quais os desafios, neste ano de 2024, para o setor?
Aline Dias: Em relação à legalização, o número ainda não está batido o martelo, então não vou poder falar [entrevista foi realizada no início de janeiro de 2024], mas em 2023 entregamos um número recorde de consolidações – que é a retomada do imóvel por falta de pagamento e depois de esgotadas todas as possibilidades de renegociação com o cliente. Foi um recorde comemorado de forma muito consciente porque, embora seja uma retomada, é uma necessidade acima de tudo. Foi um resultado bastante suado, que trabalhamos pesado para entregar. Para 2024 está desenhado um objetivo maior.

Importante reconhecer o trabalho grandioso feito pelas agências, SEVs, SRs, CHs, porque eles se envolvem, mergulham e trabalham junto com as prefeituras e cartórios. Se não fosse esse trabalho deles, a gente não teria atingido esse resultado necessário para a Caixa continuar ofertando para os clientes esse produto importantíssimo para a carteira da empresa que é o financiamento habitacional e Crédito Real.

Para recuperação judicial, nosso maior desafio neste momento é, com o aumento exponencial de pedidos, a gente continuar conseguindo atender todas as demandas no prazo com a mesma equipe, sem aumento de pessoas. Nossa equipe está suando muito para continuar atendendo todas as demandas dentro do prazo legal.

Agecef Ceará: Qual mensagem você gostaria de deixar para a sua equipe e para o pessoal da Caixa?
Aline Dias: Eu vejo muito claramente na equipe e nos colegas de outras unidades um amor pelo trabalho, um amor pela Caixa. A gente tem realmente esse sentimento de gostar do que faz. Apesar de todos os desafios, a gente precisa continuar com essa visão de fazer o melhor para a Caixa para que a empresa continue cada vez mais sustentável, para que a gente tenha uma excelente condição de competir com as outras instituições financeiras. Então a gente precisa realmente pensar a todo tempo na melhoria constante. Eu repito como mantra aqui na unidade: “melhoria constante, tragam as sugestões, vamos inovar”. A gente precisa ter esse olhar.

Também gostaria de deixar uma mensagem especial para as mulheres: nós ainda somos uma minoria de gestoras e líderes mulheres na Caixa. Eu lembro que há alguns anos atrás, antes de ser gestora, eu tive a oportunidade de estar em uma reunião com algumas gerentes gerais e, na ocasião, perguntei: “como vocês fazem para conciliar tudo isso?”. Porque eram gestoras, mães, esposas, filhas. Elas me disseram: “É possível. Você também vai conseguir, é só querer”.

Eu acredito que algumas mulheres talvez pensem assim “uma jornada maior, como eu vou conciliar com o filho, com o marido, com a pós-graduação, com o pilates?” Quero deixar essa mensagem para as mulheres que pensam e sonham em se tornarem gestoras, mas acabam que não dão aquele passo adiante porque têm o receio de pensar como vai conciliar. Então eu digo: é possível. Claro que a gente precisa de rede de apoio, assim como os homens também. Para conseguir se dedicar às jornadas de trabalho e fazer as entregas, a gente precisa de uma rede de apoio, mas é possível.

A Caixa já vem registrando um aumento significativo na quantidade de mulheres líderes e gestoras, mas eu acredito que, que breve, ainda vai avançar bastante. Nós, enquanto mulheres, precisamos apoiar e encorajar outras mulheres.

Todo dia na gestão da unidade é um aprendizado. Eu estou em construção, eu aprendo muito com a minha equipe todos os dias. Eu sempre digo que a gente nunca vai estar pronto, que todo dia é um aprendizado e precisamos estar abertos para isso.

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